Wednesday 18 November 2009

Montanhas Hindu Kush: que raio de lugar é esse?

Montanhas Hindu Kush: que raio de lugar é esse?
Por Claudia Carmello
O destino de hoje:

As montanhas Hindu Kush, no Paquistão
Na verdade, o “destino” mesmo é a tribo Kalash, os 3 mil indivíduos que vivem ali (3 a 6 mil, não se sabe ao certo).

Eles são um grupo étnico isolado geograficamente do resto do país pelos vales selvagens (e muito férteis) das montanhas Hindu Kush. Também pela neve potente do Himalaia que bloqueia a passagem dos jipes no inverno (carros 4×4 são a única maneira de chegar lá). Também pelo fundamentalismo islâmico que domina o país e os considera uns devassos.

Eles são estranhos no ninho paquistanês porque têm feições europeias, falam um idioma próprio, são politeístas (algo gravíssimo em um país 98% muçulmano) e fazem rituais bastante imorais (para padrões judaico-islamico-cristãos).
Os Kalash se dizem descendentes de um general do exército de Alexandre, o Grande. Testes genéticos não apóiam, mas isso não importa. Essa ligação com o Ocidente faz parte de sua tradição oral, romantizada pelos olhos claros e a loirice de alguns.

Uma possível raiz helênica talvez caísse bem também para explicar algo de especial em seu modo de vida. Além do culto aos deuses pagãos, suas mulheres trabalham junto com os homens, mostram o rosto, dançam em público e até bebem vinho, nas festas.

Elas só vão para casas apartadas dos homens quando dão à luz ou estão menstruadas, dois momentos de “impureza” para a cultura Kalash.
Suas roupas também são exuberantes – túnicas pretas com largas golas, barras e punhos de um bordado colorido, mais um chapéu e muitos colares. E elas têm direto até de deixar os maridos. A fuga de uma mulher casada com outro homem é acontecimento bem comum.

Mas os rituais são o que há de mais legal para saber dos Kalash. As cabras, sua principal criação, é também a comida dos deuses: as cerimônias tradicionais são temperadas por vários sacrifícios do bicho. E também por muita dança, muita música e vestimentas especiais – até homens se vestindo de mulher e mulheres se vestindo de homem.
O festival mais importante da tribo rola durante duas semanas, incluindo o solstício de inverno (em dezembro). Um dos momentos auge dele seria uma cerimônia que os Kalash prometem ter abolido, para evitar mais escândalos entre os conterrâneos islamitas (mas também, como ela acontece numa época em que a tribo está praticamente isolada pela neve que bloqueia as estradas… quem sabe?).

Funciona assim: um jovem da tribo que foi escolhido no verão para ir passar seis meses isolado nas montanhas (supostamente ficando mais forte e saudável graças ao leite e queijo de cabra de sua dieta) volta à tribo. E a partir desse retorno, ele tem 24 horas para fazer sexo com todas as mulheres que quiser – pode escolher as virgens, as esposas de outros, até mesmo sua própria mãe. Como na cultura Kalash as crianças nascidas dessa orgia sacra são consideradas abençoadas, todas as mulheres querem mesmo ir pra cama com o sujeito.

Seria mais uma herança helênica nas montanhas Hindu Kush?
Onde raios fica isso? Coordenadas 35º 141’N, 71º 38’ L

Rá! Nos vales Bumboret, Rumbur e Birir, entre as montanhas Hindu Kush, no extremo noroeste no Paquistão (do outro lado é Afeganistão).

E como eu chego lá? Entre Islamabad, a capital paquistanesa, e Chitral, a porta de entrada para os vales dos Kalash, são 381 quilômetros de estrada. Depois, são mais duas horas de jipe até Chitral.

Alguém me leva? A operadora inglesa Wild Frontiers

Posso arrumar as malas? Yep. Só não programe a viagem para o inverno (dezembro a março), quando a neve bloqueias as estradas – não adianta querer assistir ao bacanal do solstício de inverno que não vai conseguir.

2 comments:

Unknown said...

Olá Carol,

Meu nome é Claudia Carmello, sou jornalista e tenho um blog de viagem chamado Um Outro Modo de Viajar(outromododeviajar.wordpress.com). Fico feliz que você tenha gostado do meu post sobre o Paquistão e republicado no seu blog. Mas é preciso dar o crédito e avisar o leitor que o texto é meu, extraído do meu blog. Vi que há um link logo abaixo do seu título, mas isso não é suficiente para que se saiba de quem é o texto. Você pode por favor fazer essa mudança? Obrigada, Claudia

Carol said...

Mudança já feita.

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